Falamos não para condenar uma pessoa, mas para confrontar o espírito de dano que surge quando fé e cultura são usados para dividir e ferir.
As palavras têm poder e, quando pronunciadas a partir de posições de influência, podem tanto curar quanto destruir.
O uso indevido da autoridade espiritual e cultural para justificar a exclusão não vem de Deus.
Afirmamos que ser africano e ser queer não estão em conflito.
Nossas tradições culturais, assim como nossa fé, são vivas e em constante evolução.
Elas estão enraizadas no Espírito de Ubuntu — a verdade de que “eu sou porque nós somos.”
Essa interconexão sagrada não perde nada quando celebramos a plenitude da diversidade humana.
Honrar cada vida é honrar a imagem divina.
Este momento nos lembra da necessidade urgente de nos reunirmos em um diálogo honesto e compassivo — para ouvir, aprender e crescer em nossa compreensão compartilhada sobre sexualidade, fé e cultura.
É através dessas conversas que descobrimos nossa humanidade comum e começamos a curar as divisões que o medo criou.
Nunca devemos permitir que nossas palavras ou ações causem danos ou incitem violência.
Em vez disso, comprometamo-nos a construir espaços de diálogo e educação, onde possamos aprender uns com os outros.
Pessoas LGBTQIA+ não são forasteiras a serem debatidas — são seres humanos, criados à imagem de Deus, que merecem o mesmo amor, respeito e acolhimento que qualquer outra pessoa.
Reconhecemos a dor profunda que essa retórica tem causado em nossas comunidades.
Estamos em solidariedade com cada pessoa queer que foi levada a se sentir indigna de sua herança ou fé.
Você é amado. Você pertence. Você é sagrado.
Como Anciãos, conclamamos todos os líderes religiosos e culturais a usarem suas plataformas para curar, não para ferir; para construir pontes, não barreiras.
Que nossa liderança reflita o coração divino de justiça, compaixão e verdade.
Sejamos parteiros da esperança em um mundo muitas vezes rasgado pelo medo.
Que este momento se torne um ponto de virada — não para mais divisão, mas para uma compreensão e respeito mais profundos.
Oramos pela cura de nossas comunidades, pela coragem de nossos líderes e pela restauração da dignidade de todos os filhos e filhas de Deus.
Gostaria de ser protestante. Para dizer o quanto amo quem amo - sem limite, sem juízo, sem medo.
Gostaria de ser protestante. Para libertar minha consciência de todos os grilhões, e entregá-la apenas ao amor de Deus.
Gostaria de ser protestante. Para descobrir que Palavra é cada gesto, apenas o gesto, de confiança absoluta em alguém - que é também Alguém.
Gostaria de ser protestante. Para ter uma Igreja onde homens e mulheres possam partilhar o mesmo ministério, o mesmo altar, o mesmo chamado.
Gostaria de ser protestante. Para derrubar toda papolatria, toda ideologia sagrada, e ficar nu - sim, nu - diante de Cristo.
Gostaria de ser protestante. Porque amo ler, e escrever, e depois, calar.
Gostaria de ser protestante. Para partir o pão e compartilhar o vinho com qualquer um - mas não a cada três horas, porque o amor não tem hora marcada.
Gostaria de ser protestante. Para não ter outro norte senão o paradoxo da cruz.
Gostaria de ser protestante. Para saborear esse Deus que existe quando achamos que Ele não existe, e que não está onde juramos encontrá-Lo - nos lugares santos, nas ocasiões certas, nos ritos marcados.
Gostaria de ser protestante. Para rir, enfim, ao lado do papa Francisco e do arcebispo de Cantuária, Justin Welby - riso santo na cara dos guardiões do dogma sem carne, sem história.
Gostaria de ser protestante. Porque me sinto mais teóloga do que teólogo - e talvez nem uma coisa nem outra.
Gostaria de ser protestante. Porque o matrimônio é de todos, e para todos - de qualquer amor, de qualquer gênero. O meu também -
escola de amor, entrada no vasto ecumenismo do amor.
Gostaria de ser protestante. Porque Jürgen Moltmann o é, e Dietrich Bonhoeffer o foi.
Gostaria de ser protestante. Porque Jesus de Nazaré protestou contra todo poder, contra todo sufocamento do amor.
Gostaria de ser protestante. Porque a fé é tormento, inquietude, busca - antes de ser alegria. Alegria fácil é barata demais.
Gostaria de ser protestante. Porque gostaria de dizer que creio - apenas isso - já que amo rezar, e não o contrário.
Gostaria de ser protestante. Para fazer cair toda muralha confessional.
Gostaria de ser protestante. Para encerrar hoje quinhentos anos de uma primeira história - e começar, amanhã, outra.
Se é para reformar, que não reste pedra sobre pedra do que oprime.
Se é para protestar, que seja contra cada cruz transformada em bandeira de guerra, cada Bíblia usada para matar, cada dogma que sufoca o Espírito.
Se é para crer, que seja num Deus que dança com corpos diversos, que beija bocas proibidas, que faz da margem a sua casa preferida.
Se é para pregar, que seja o escândalo da graça: um amor que não pede visto nem certidão, um Reino sem porteiro nem fila de espera.
Se é para ser Igreja, que seja uma comunidade de iguais: sem tronos, sem títulos, onde a autoridade é serviço e o púlpito é mesa partilhada.
Se é para celebrar, que seja sem relógio nem protocolo, porque o amor não se programa-se vive, se oferece, se reparte.
Se é para ser protestante, que seja para rir do medo, desarmar o poder, e dizer alto: ninguém fica de fora.
Se é para ser fiel, que seja ao Espírito que sopra livre, não às tradições que nos prendem.
Se é para carregar a cruz, que seja a do Evangelho vivo — paradoxo, ferida, esperança, mas nunca instrumento de opressão.
Se é para começar de novo, que comece hoje: uma Igreja nua diante de Cristo, sem máscaras, sem cercas, sem medo.
E o nosso obrigado ecoa: a Lutero e Calvino, a Zwinglio e Knox, mas também a Argula von Grumbach, Katharina Zell, Marie Dentière
— mulheres que ousaram escrever, pregar e desafiar o silêncio.
Obrigado a Dietrich Bonhoeffer, a Martin Luther King Jr., a Jürgen Moltmann, a Dorothee Sölle, às vozes feministas e queer que mantêm viva a chama.
E obrigado a Troy Perry, profeta da inclusão, fundador da ICM, que lembrou ao mundo que Deus não rejeita ninguém.
Obrigado a cada corpo, cada voz, cada vida que ousou protestar em nome do amor.
Porque protestar é amar.
E amar - sempre - é a verdadeira Reforma.
Esse conteúdo pode te causar impacto, libertação, incômodo ou tudo isso junto. E tá tudo bem.. Sexo, fé, desejo e corpo tudo isso é assunto espiritual, sim. Fé, corpo, prazer e dignidade. Tudo junto, tudo sagrado!
Vamos direto ao ponto:
Falar de sexo ainda é tabu em muitos espaços cristãos. Na ICM, não. Aqui gente fala sobre o que muitos preferem esconder o sexo é visto como bênção. Algo que merece ser falado com seriedade, cuidado e liberdade. Porque o silêncio gera culpa, medo e hipocrisia.
Sexo tem a ver com quê?
Com expressão da orientação sexual e identidade de gênero, seja você cis, trans, não-binárie, intersexo, hetero, gay, bi, lésbica, pan, enfim, todo mundo é dom de Deus.
Com afeto, com desejo, com prazer. Tudo junto ou separado. E deve ser vivido com saúde física, mental e espiritual.
Mas acima de tudo, tem a ver com liberdade e cuidado mútuo.
E repita comigo: Sexo não é apenas sobre procriação.
Sexo só depois do casamento?
Estamos em que século?
Na ICM acreditamos no mundo real e no mundo real as pessoas fazem sexo independentemente de casamento. Cremos que cada pessoa é livre pra tomar decisões sobre o próprio corpo e desejo.
Sexo não é prêmio por boa conduta nem castigo quando vivido com liberdade. É comunhão, é entrega, é construção de vínculo, e deve ser prazeroso.
Mas também acreditamos que a ausência de sexo é uma escolha legítima e sagrada. Viver a sexualidade com liberdade inclui também quem decide não transar, quem vive o celibato, quem é assexual ou quem está num tempo de pausa.
Antes ou depois do casamento, com frequência ou sem, o que importa é que haja afeto, respeito, consentimento e verdade consigo mesmo.
E qual é a regra da ICM?
Amar ao próximo como a si mesmo (Mateus 22:39)
Qualquer experiência sexual que machuca, abusa ou desumaniza não tem lugar no Evangelho.
Sexo saudável é aquele em que existe:
Respeito
Liberdade
Cuidado mútuo
Dignidade
Amor (principalmente o próprio)
Mas então o que é pecado?
Sim, há formas de sexo que são pecaminosas, veja:
Quando não há consentimento;
Quando há abuso de poder ou exploração de vulneráveis;
Quando envolve violência, assédio ou coerção;
Quando degrada a dignidade do outro ou de si mesmo;
Tudo o que nega o amor, a liberdade e o respeito precisa ser combatido, inclusive dentro da igreja.
E masturbação e pornografia?
Vamos falar com clareza, sem culpa e com respeito.
A masturbação não é pecado!
É uma forma legítima de autoconhecimento, cuidado com o corpo e expressão da sexualidade, seja você solteire, em um relacionamento, assexual, celibatárie ou simplesmente alguém que está se descobrindo.
Ela pode ser saudável, natural e até espiritual, especialmente pra quem, por qualquer motivo, não vive uma relação afetiva ou sexual no momento. Não precisa de vergonha, só de consciência.
E a pornografia?
O desejo é humano e a curiosidade também. Muita gente consome pornografia em algum momento da vida, e isso não precisa ser motivo de culpa ou silêncio. O importante é lembrar que o prazer pode e deve ser vivido com consciência, liberdade e autocuidado.
Nem tudo o que aparece nas telas representa relações reais. Muitas vezes, o que se vê ali ignora consentimento, respeito e a diversidade dos corpos e afetos. Por isso, vale manter um olhar atento: o que estou vendo me aproxima de mim e não me cobra performance irreal? Ou me gera cobrança e me distancia da realidade?
O uso da pornografia não deve pode interferir na intimidade real, nos vínculos afetivos e até na forma como nos conectamos com nosso próprio corpo. Não por regra ou pecado (que de fato não é), mas porque às vezes nos desconectamos de nós mesmos.
Por isso, a pergunta-chave não é “pode ou não pode?” ou “é pecado ou não?”, mas sim: “Isso me conecta comigo e me faz bem?”
Quando há liberdade, consciência, respeito e maturidade, não há espaço pra culpa, só pra escolhas mais humanas, responsáveis, humanamente e espiritualmente saudáveis.
E espiritualidade madura se constrói assim: com desejo, com verdade, com respeito.
A chave de tudo é sentir menos culpa, viver com liberdade e plenitude ou simplesmente: ser livre para escolher!
Atenção com padrões e modelos!!!
Na ICM, não acreditamos em norma sexual fixa.
Muita gente cresce achando que sexo tem que seguir um script: tem que ter penetração, um ativo, um passivo, uma lógica hétero e social. Mas a vida real não é assim.
Cada corpo sente de um jeito. Cada relação encontra sua linguagem. E você não precisa seguir um padrão que não te representa.
Por exemplo: há pessoas que não gostam de penetração e tá tudo certo! Muitas mulheres lésbicas, como as que se identificam como gouines, vivem o prazer de outras formas, sem falocentrismo.
O mesmo vale para pessoas trans, não-binárias e todas as expressões e identidades que não cabem nos moldes cis-heteronormativos. O prazer pode ser vivido de muitos jeitos — sem obrigação, sem binarismos rígidos, sem vergonha.
O importante é que exista afeto, consentimento, prazer e respeito.
Todos os corpos são sagrados!
Corpos com ou sem deficiência. Corpos com limitações físicas, sensoriais ou cognitivas. Corpos que vivem o prazer de formas diversas, com tempos diferentes, com desejos que nem sempre cabem nos roteiros normativos.
Na ICM, acreditamos que saúde, prazer e afeto são para todo mundo.
A sexualidade é parte da vida e ninguém deve ser privado de viver isso com dignidade, respeito e liberdade por causa de um corpo que foge do padrão.
Porque cada corpo carrega uma história. E toda história merece ser celebrada, não silenciada.
E os relacionamentos poliamorosos?
Sim, existem pessoas poliamorosas e elas são bem-vindas e acolhidas na ICM.
Poliamor é quando alguém vive mais de um vínculo afetivo e/ou sexual com honestidade, consentimento e responsabilidade. Não existe um único jeito de viver o poliamor, há várias formas, arranjos e dinâmicas possíveis. O essencial é sempre o mesmo: ética, verdade, cuidado e respeito mútuo. E isso também é expressão de amor. Também é espiritualidade encarnada.
Aqui a gente não julga pela quantidade de pessoas no relacionamento. A pergunta é sempre:
Tem respeito?
Tem afeto?
Tem cuidado?
Tem verdade?
Se a resposta for sim então é digno e é sagrado! Isso vale para pessoas poliamorosas, e também para quem vive o amor de forma monogâmica. Porque o que nos orienta não é a norma, é o Evangelho da inclusão.
Em resumo:
Seja qual for sua vivência afetiva ou sexual, a ICM pode ser seu lar espiritual!
Aqui o importante não é com quem, como ou quantos. Mas se há amor, respeito, liberdade e consciência.
O corpo é sagrado! O prazer é dom! E o amor é a maior ética do Reino de Deus!
A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve, em Cascais, três jovens com idades entre os 17 e os 18 anos, suspeitos de atrair vítimas através de uma aplicação de encontros dirigida à comunidade LGBTI+ para as agredir, humilhar e roubar. Segundo a investigação, as vítimas eram levadas para uma casa devoluta, onde eram ameaçadas com armas brancas, agredidas e forçadas a entoar cânticos homofóbicos. Os agressores também efetuavam levantamentos bancários com os cartões roubados.
Este caso acende mais um alerta para a necessidade de reforçar a proteção policial e a vigilância contra crimes motivados pelo ódio, especialmente quando praticados através de meios digitais. A comunidade LGBTQIAPN+ continua a enfrentar riscos elevados ao usar plataformas de encontros, sendo essencial manter precauções de segurança, como partilhar a localização com pessoas de confiança e evitar encontros em locais isolados.
Recorde-se que, em casos anteriores, crimes semelhantes já resultaram em violência extrema e até na morte de vítimas, como no caso de um homem brutalmente assassinado e degolado após ter sido atraído por um encontro. Organizações de defesa dos direitos humanos reforçam o apelo para que as autoridades atuem de forma preventiva e célere, garantindo que ninguém seja atacado ou morto por causa da sua identidade ou orientação sexual.
Como igreja inclusiva, afirmativa e progressista, reforçamos o alerta: protejam-se. Sempre que possível, partilhem a localização com alguém de confiança, evitem encontros em locais isolados e denunciem qualquer comportamento suspeito.
Exigimos também mais ação preventiva das autoridades para que ninguém seja atacado, violentado ou morto por causa da sua identidade ou orientação sexual. Crimes de ódio não podem ser tolerados, nem online, nem nas ruas.
Aqui na ICM, batismo não é teste, senha secreta ou ritual complicado. É um convite aberto, uma festa, um reencontro com a vida nova que Deus já começou a escrever em você — muito antes da primeira gota d’água cair.
Não importa qual seja seu passo, sua história ou seu nome. O amor de Deus já te alcançou antes mesmo do mergulho, e aqui a gente celebra essa graça escandalosa que não cabe em regras rígidas.
Batizar é só o começo de um rolê que não tem fim — uma jornada de fé que se faz junto, na comunidade que acolhe você radicalmente, do jeitinho que você é.
O batismo é aquele momento sagrado e cheio de emoção, onde a gente diz: “Estou all in com Cristo.” É um ato público e bonito, que pode até molhar a roupa e encher os olhos de lágrimas — e sabe o que é melhor? Aqui, isso é amém!
E não pense que batismo é mágica ou fórmula secreta para ganhar bênçãos. É um sacramento, um sinal sagrado que traz a graça de Deus para sua vida. Pode ser por imersão, com o corpo todo na água, ou por infusão, com água derramada. O que conta mesmo é a fé, porque Deus não está aí para conferir o manual ou exigir performance aquática.
A graça se molda à realidade de cada pessoa, seja quem for, com as condições que tiver, e sem excluir ninguém por causa de uma piscina, mobilidade ou qualquer outra coisa.
E tem mais: batizamos crianças sim! Afinal, se toda a casa era batizada lá em Atos, as crianças estavam presentes — e aqui elas são celebradas com amor, fé e, claro, brigadeiro para adoçar. Apresentar uma criança é fofo, mas batizar é reconhecer o que já é verdade: essa criança é filha de Deus, parte da igreja e da nossa comunidade.
Aqui na ICM, pessoas trans também podem ser batizadas novamente. O batismo anterior foi para uma pessoa que já não existe mais, porque em Cristo somos novas criações. Com novo nome, identidade e, se quiser, um novo look também. E celebramos isso com água, fé e alegria. Porque afirmamos com todas as letras (e gotinhas): você é quem Deus te criou para ser.
O batismo não é triagem, não é uma forma de filtrar quem pode ou não entrar. É um abraço aberto para toda vida, do jeitinho que Deus fez. Aqui, você só precisa aparecer.
Então, bora celebrar a vida nova? Vem com a gente viver essa festa de fé, amor e transformação!
Quando a gente fala de uma igreja queer como a ICM muita gente pensa logo em arco-íris e glitter e sim isso ajuda muito mas a fé aqui vai muito além das cores Ela é profunda complexa resistente e cheia de vida.
Primeiro a gente crê na Bíblia só que não é para usar como arma contra ninguém A Bíblia para nós é como um armário antigo cheio de segredos escondidos histórias de resistência e promessas de libertação E tem até profeta sapatão lá sim meu amigo só abrir com olhos atentos.
A gente também crê em Jesus Ele é totalmente Deus e totalmente humano o revolucionário que abraça os marginalizados questiona as autoridades beija quem quer cura feridas e irrita os poderosos Ele não é só nosso Salvador é também nosso parceiro na luta por justiça e amor.
Tem ainda o Espírito Santo aquele vento doido que sopra onde quer seja nos templos nos becos nos bares nas casas ocupadas e principalmente nos corações cansados E um spoiler importante o Espírito é não binárie fluido livre assim como a nossa fé.
Para gente crer é sinônimo de liberdade A graça de Deus não é uma moeda de troca nem uma recompensa merecida É um presente escandaloso gratuito disponível para todas e todos sem exceção.
Seguimos também guiados pelos credos históricos claro Nicéia está lá mas com um tempero de deboche e libertação Porque a gente acredita num Deus que dança voguing e que abraça quem a religião tradicionalmente excluiu.
Mas afinal para que serve a Igreja? Serve para cultuar estudar se amar se curar se engajar Serve para criar uma comunidade onde ninguém é estranho e onde a dúvida tem lugar garantido sentadinha no banco da frente. A fé aqui é doutrina sim mas também é poesia viva corpo diverso É fé de salto alto de tênis de pés descalços É Evangelho com glitter com dor com dança com pão e vinho.
Então seja muito bem-vinde a essa revolução chamada ICM Aqui a fé não é prisão é festa É fé que afirma acolhe e resiste E já sabe você já faz parte dessa família.
Na ICM Lisboa, a gente segue o ano litúrgico com uma ousadia que vem de saber uma coisa simples: Deus gosta de cor. Cada época tem seu tom, cada cor carrega um Evangelho. E é nessa diversidade de cores que a fé se revela viva e pulsante.
Começa com o púrpura, a cor do Advento. Não aquela penitência chata da Quaresma, mas um púrpura que espera com dignidade. Um Rei que nasce no estábulo e morre entre ladrões, um Rei que traz esperança e seriedade ao mesmo tempo. É a cor de quem sabe que espera por algo muito maior.
Quando o púrpura cansa, chega o rosa. É aquele domingo que traz um sorriso tímido, um “já vem aí” em tom pastel. É um respiro leve para lembrar que Deus gosta de pausas e surpresas no meio do jejum.
O branco aparece nas grandes festas. Natal, Páscoa, batismos e até funerais. É a luz que não grita, mas transforma. Às vezes, o branco se veste de amarelo ou dourado, porque se Deus criou o ouro, por que não usar? Só falta mesmo o glitter litúrgico virar norma.
O verde, essa cor do chamado “tempo comum”, é na verdade o tempo onde a vida cresce em segredo. É esperança teimosa, rotina santificada, o milagre escondido nas segundas-feiras. Aquele aleluia que ninguém percebe, mas que está ali, firme.
Na Quaresma, o roxo entra com seu jeito introspectivo. É o tempo do silêncio, do jejum, do autoencontro. “Chora agora para ressuscitar depois” é o recado dessa cor que prepara para o branco da ressurreição.
O vermelho é o fogo da paixão divina. É Pentecostes, Semana Santa, a festa da Igreja e até dos casamentos na ICM Lisboa. Porque amar até o fim precisa de Espírito Santo e muita coragem.
E claro, o arco-íris. A aliança de Deus com um toque queer, celebrando a vida, o orgulho e a diversidade que Deus ama e quer ver brilhando em todas as cores. Se Deus não tem problema com isso, por que a gente teria?
Na ICM Lisboa, a graça é policolor. Cada cor é uma pregação, um sacramento visual, uma dança teológica. Porque se Deus criou a luz e nela nasceram todas as cores, quem somos nós para viver uma fé em preto e branco?
Diante do avanço da retórica xenófoba em Portugal, das mentiras políticas (criadas pela extrema-direita) que criminalizam a migração, e do silêncio cúmplice de muitas igrejas, a ICM Lisboa decide levantar a voz. Porque seguir Jesus exige coragem para se posicionar e jamais compactuar com a opressão.
Somos uma igreja formada, majoritariamente, por imigrantes. Nossos corpos carregam as marcas da mudança, da saudade, do recomeço. Sabemos o que é deixar tudo para trás em busca de vida com dignidade e principalmente RESPEITO. Sabemos o que é ser olhado com desconfiança, julgado por sotaques e marginalizado por existir. E é por isso que falamos com propriedade: ser imigrante não é crime, e sim um ato de coragem.
Cristãos que se dizem fiéis, mas votam em partidos que atacam imigrantes, precisam rever a fé que professam. Não há Evangelho onde há exclusão. Não há Cristo onde há ódio!
Jesus não construiria muros, ele cruzaria fronteiras. Jesus não fecharia portas, ele prepararia mesas. Jesus não expulsaria imigrantes, afinal ele mesmo foi um de nós.
Enquanto usam a cruz como escudo para racismo e nacionalismo, nós seguramos essa mesma cruz como símbolo de libertação. Denunciamos a hipocrisia de discursos que dizem "amar a Deus" e odeiam o próximo. De quem bate no peito nas igrejas aos domingos e aplaude deportações nas urnas às segundas. De quem lê a Bíblia, mas ignora o Deus que se revela no migrante, no pobre, no refugiado.
Fé que exclui, não é fé, é ideologia de ódio fantasiada de religião. Evangelho que nega acolhimento, não é boa notícia, é farsa!
A ICM Lisboa é uma comunidade de fé progressista, inclusiva e profética. E porque cremos no Evangelho de Jesus, não nos calaremos diante da injustiça. Somos contra a xenofobia.
Somos contra a criminalização da imigração. Somos contra qualquer discurso político ou religioso que tente apagar nossas histórias.
Nosso chamado é claro: amar, acolher, proteger e denunciar. Do lado de cá da fé, a fronteira é o amor. E quem fecha o coração pro migrante, fecha o coração pro próprio Cristo.
Igreja da Comunidade Metropolitana de Lisboa
Uma igreja de imigrantes que tem a fé que afirma, acolhe e resiste.
Às vezes a pergunta bate forte: “Preciso mesmo ir ao culto?” E a resposta é simples e sincera: não. Você também não precisa se apaixonar. Mas quando o amor chega, quem resiste? O culto não é uma obrigação chata, é um convite ao encantamento, à experiência que toca alma e coração.
Claro que Deus está em todo lugar, até na sua cama no domingo de manhã. Mas Ele também está onde o povo se reúne. Onde tem cântico e Crisma, pão e pranto, riso e rebuliço. O culto é aquela oração que ganhou corpo, virou gente, virou comunidade. Não é só algo para assistir — é para viver junto.
Cultuar não é consumir, é se entregar. A gente não vai ao culto como quem vai a um espetáculo, mas como quem vai à cozinha da avó: pra ser alimentado, abraçado e lembrado de quem realmente é. O culto é mesa posta, não vitrine de aparências.
Ali, o Mistério Pascal ganha cheiro de gente, a vida de Jesus acontece aqui e agora, no meio de nós, com glitter, tamborim, dor e esperança. É uma lembrança viva de que Deus habita o ordinário com uma beleza escandalosa que transforma o comum em sagrado.
E se você pensa “mas não tenho fé suficiente”, relaxa. Não é concurso de santidade. A Ceia é de Jesus, não nossa. Ele convida e a gente só senta. A mesa é um milagre que se repete toda semana e você é parte desse milagre.
A liturgia pode até ser um teatro, mas é um teatro que nos desmascara e revela. Na verdade, a gente representa não um papel qualquer, mas quem somos de verdade quando Deus nos ama sem censura. No culto, somos protagonistas da graça, porque a fé acontece quando nos permitimos ser quem realmente somos.
Se às vezes você não sente nada no culto, não se preocupe. Nem sempre é questão de sentir. Às vezes, basta estar presente. Como a água no deserto, como a semente na terra, como um abraço silencioso que salva. O culto age em nós mesmo quando parece que não.
E cultuar é, acima de tudo, resistir com estilo. Num mundo que tenta calar vozes queer, pretas, trans, latinas, bi, empobrecidas e marginalizadas, o culto é um ato de rebeldia e esperança. É a revolução litúrgica pulsando no corpo, na voz e no coração de um povo que não desiste.
Agora pensa comigo: essa revolução não para no presencial. Culto online também é culto de verdade. Se o Espírito de Deus atravessa portas trancadas, acha mesmo que vai ser barrado por um link? Na ICM, a revolução é híbrida — com fé em alta definição e glória em tela cheia.
Cultuar online é ligar o microfone e cantar “Deus é amor e o amor venceu”, mesmo com delay e eco. É resistir contra o silêncio do mundo, é escolher estar com Jesus e com a comunidade em vez de ficar perdido no scroll infinito.
Sim, você pode orar em casa sozinho, mas o culto é como aquele jantar de família escolhido: você vai porque quer rir, partilhar e viver junto. Cada tela ligada, cada “Amém” digitado e cada emoji enviado são atos proféticos que mantém viva a chama da esperança.
O Espírito Santo tem sinal forte e ultrapassa qualquer fronteira ou fone de ouvido. Se a Palavra toca seu coração na tela do seu computador, é porque o Reino já chegou aí no seu sofá. E quando a gente puder se reunir ao vivo, prepara o glitter e os lenços, porque vai ser Pentecostes com café e muita festa.
Então vem cultuar com a gente. Seja presencial ou online, a revolução acontece. Cultuar é lembrar que a esperança tem nome: Jesus. E que esse nome ainda move montanhas, inclusive as que vivem dentro da gente.
ICM Lisboa — Igreja Queer, Igreja Viva, Igreja em Rede. Domingo, a esperança te espera. E ela tem link!
Se você já se perguntou por que a gente segue o Lecionário na ICM Lisboa, aqui vai o spoiler: não é porque somos control freaks da liturgia. Muito pelo contrário. É porque a Bíblia é grande demais para a gente se perder — e muito rica para ficar só nos hits.
A Bíblia tem 66 livros, cheio de histórias, profetas, poesias, evangelhos e cartas. Se a gente fosse escolher as leituras na sorte, correria o risco de ouvir Gênesis pela milésima vez e esquecer que o profeta Miquéias também tem coisa boa para dizer.
É aí que entra o Lecionário, nosso GPS espiritual para o ano litúrgico. Ele organiza as leituras para que a gente percorra a Palavra como quem faz uma caminhada consciente e cheia de significado — e não como quem está perdido no deserto, lendo a Bíblia como quem folheia um álbum de figurinhas aleatórias.
E o melhor: a gente não está sozinho nessa caminhada. Igrejas ao redor do mundo, até aquelas que às vezes nos veem como “exagerados”, estão lendo os mesmos textos que a gente. Um ecumenismo real, de verdade, que une diferentes tradições numa só voz.
Pensa no Lecionário como uma série de TV dividida em temporadas: todo domingo tem uma leitura, um evangelho e um salmo que abre a missa com aquela dramaticidade toda. Tudo conectado, tudo com sentido — quase como uma Netflix bíblica, mas com Jesus como protagonista.
E não pense que isso engessa a pregação ou a escuta. O Lecionário é provocação. A cada texto, a gente escuta e pergunta: “Isso tem a ver comigo?” E a resposta é sempre sim — e quase sempre dói um pouco, porque a Palavra nos desafia mesmo.
Aqui na ICM Lisboa a gente segue o Lecionário Comum Revisado — revisado porque a primeira versão era uma bagunça que até Jesus teria reclamado da ordem. A cada domingo, escolhemos uma leitura entre as propostas e o Evangelho vira o coração da pregação, como um reality show bíblico que sempre termina surpreendendo.
Usar o Lecionário é um ato revolucionário. É dizer: “Eu não vou ficar só na minha passagem favorita.” É abrir espaço para ser desafiado, encantado e até irritado pela Palavra inteira. Afinal, se Deus nos deu 66 livros, por que viver só de Filipenses 4:13?